Versión en español
Sabemos facilmente
identificar pessoas ou situações que nos incomodam, que nos irritam, que
naturalmente trazem esse sentimento de querer corrigir ou simplesmente
criticar. Na cultura que estamos inseridos estamos num constante julgamento do
que é bom e mal, do que esta certo ou errado. O que percebemos como “bom” nos
mostra que temos que nos afastar do que esta “mal”, como uma doença, um
agressor, uma atitude pessoal. Seguimos nossos dias, sentindo que estamos numa
constante luta contra “não se sabe bem o quê”.
Sob esse ponto de vista tudo é
uma batalha, um esforço. Nas nossas relações interpessoais, queremos que as
pessoas sejam como nós imaginamos e se não são as criticamos, ou nos afastamos.
Na nossa relação com nós mesmos acontece da mesma forma: queremos ser
diferentes, temos um ideal em mente e queremos chegar a ele, tudo o que não se
encaixa nesse ideal não serve, sejam ideais mais espirituais ou terrenos, não
importa.
Para ficar mais fácil pare um instante e
imagine algo ou alguém que realmente o “tira do sério” e perceba como se
relaciona com “isso” que não lhe agrada. Perceba como queremos nos afastar
“disso”, como queremos muda-l@, como não @ suportamos da maneira como é. A
sensação é de intolerância, de querer que “isso” mude.
Ao não aceitar estamos
excluindo, afastando e nos separando “disso”. Qual o problema da separação já
que para a nossa percepção comum “essa” é a realidade? A separação, de que eu
sou uma pessoa, o outro é outra e não temos “nada a ver” também traz a sensação
de superioridade, onde eu sei o que é certo e o que é melhor.
Aprofundando um pouco
estamos conectados uns aos outros. E
hoje em dia isso pode ser explicado através dos avanços da física (já não tão
novos) que mostram que o observador influencia o objeto observado e que existe
uma grande rede que conecta tudo e todos (a matriz divina), além de muitas
linhas terapêuticas ou correntes de pensamento que usam esse mesmo conceito.
A questão é que ao ver
o “outro” ou o que me incomoda no outro como algo separado de mim, como algo
que não tem nada a ver comigo estou excluindo esse “outro”. Ao excluir, este
toma mais força porque quer pertencer. Existe uma lei básica de integração que
não aceita a exclusão, seja na física, na psicologia (sombra), nas constelações
familiares (ordens do amor). Se estamos falando sobre uma pessoa eu posso até
me afastar e vão aparecer outras pessoas ao meu redor com as mesmas características.
Se é uma situação especifica, também se repetirá. Ou seja ao excluir não estou
“ajudando” nem a “isso” nem a mim mesmo.
Para seguir vamos levar
esse mesmo pensamento para a nossa relação pessoal, interior (da gente com a
gente mesmo). E usemos como exemplo uma “doença ou sintoma” que se repete e que
já “não aguento mais”. Pensemos nisso, e mais uma vez observe como nos
relacionamos com “isso”. Queremos vê-lo longe, que mude, que melhore, porque
“isso” melhorando eu vou estar melhor ou vou ser melhor. Da mesma forma ao
querer que as coisas sejam diferentes, desejar que “isso” não esteja aí é
travar uma luta, e excluir esse sintoma ou doença. É separar o órgão ou órgãos
afetados, do nosso corpo como um todo.
E como pode existir uma “cura” dessa
forma? Para ajudar nosso corpo a transformar questões físicas ou mesmo
emocionais o primeiro passo é aceitar. Aceitar o sintoma, aceitar a emoção,
aceitar a minha forma de ser. Aceitar é simplesmente olhar pra “isso”, perceber
que é parte minha, chamar pra “conversar” e se possível ver o que “isso” tem
pra me dizer.
Fazendo o caminho
inverso o sintoma ou qualidade “negativa” só aparece quando existe algo que
está separado ou que precisamos integrar. Deixar ser, sem lutar. Isso quer
dizer não fazer nenhum tratamento? Não necessariamente. É possível fazer um
tratamento vendo-o como aliado na ajuda dessa integração.
Voltemos para as
relações externas. Quando “algo me incomoda” no outro, o que fazer? Como
integrar? Minimamente fazendo-nos as perguntas: o que “isso” esta querendo me
mostrar? O que eu preciso integrar que ainda não consigo ver?
O que é excluído ganha
força e atrai muito mais nossa atenção, perdemos energia e tempo com algo que
não queremos, que temos medo, ou que simplesmente nos incomoda. Quando
integramos o que está excluído podemos não estar de acordo, mas o aceitamos
“tal como é” e quando a integração acontece realmente “isso” deixa de
incomodar, e nossa energia, atenção e tempo estão disponíveis para outras
questões. Liberamos a nós mesmos e os outros.
Pode parecer exagerado,
mas todas as ações que nos incomodam podem levar-nos a reflexão pessoal, a
reflexão interior, já que estamos conectados. Toda e qualquer questão podem nos
levar a refletir, a revisar e assumir pelo menos uma parte da responsabilidade
de tudo o que nos “toca” de alguma forma.
Há séculos pensamos da
mesma maneira, culpamos, criticamos tudo o que esta mal, excluímos, e lutamos.
Já possuímos muitos elementos que nos mostram que essa maneira de viver e
reagir na vida não estão gerando mudanças nem transformações coletivas
positivas. Hoje contamos com teorias, e estudos que nos mostram que excluir não
é eficaz, então para que continuar repetindo o mesmo padrão? Provemos algo
novo, analisemos todos os dias, pelo menos uma questão trazendo “isso” para a
integração, até que essa revisão se transforme num hábito e possamos ver o
mundo interior e o exterior mais integrados e com a sensação de que estamos
fazendo a nossa pequena parte diariamente.
Camila
"Este é o principio da
paz: Reconhecer aquilo que antes excluía,
sem querer muda-lo e afirmando que
ele tem o mesmo direito que eu.
O contrario, também significa que eu me
valorize
vendo-me com o mesmo direito que todos os outros.
Assim
nasce a paz."
Bert Hellinger
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