No mundo atual
onde tudo é pra ontem, onde as informações compartilhadas são quase
instantâneas, de uma maneira automática levamos essa velocidade para a nossa
vida emocional/pessoal. Sem perceber queremos acelerar processos, e as vezes,
só quando as coisas “não dão certo” (segundo o nosso ponto de vista) é que começamos a refletir sobre o "tempo das coisas".
As “demoras” em
engravidar entraram também nesse ritmo imposto pela vida moderna. Desde o
momento em que decidimos “querer” a maternidade/paternidade até o momento em
que isso realmente acontece existe um tempo, um vácuo: a espera.
E essa espera
nos faz entrar em contato com muita emoções. Quanto mais o tempo passa mais
questionamentos vem à nossa mente sobre os “por quês”. Os por quês da “demora”
podem ser respondidos com exames, consultas... mas e o “para que” dessa
“espera”, você já se perguntou?! Você já observou quantas coisas mudaram desde
o momento em que estamos “esperando”?!
Nessa espera,
muitas de nós nos questionamos sobre a maternidade, e algumas percebem que a
maternidade não nasce de um desejo profundo e sim de uma imposição social, e
desistem. Ou seja, o tempo de espera, para essas mulheres foi “perfeito”. Quantas
outras de nós que ao esperar mergulham profundamente nos ciclos, nos ritmos e
fluidos femininos e começam a se conhecer muito mais e aumentam a sua auto-estima?!
Quantos casais, nesse período se aproximam ainda mais, sonham juntos, estreitam
laços e ficam mais íntimos?! E da mesma forma quantos casais vivem esse momento
com tanta tensão que a relação se torna insustentável e terminam o
relacionamento?!
E já que a
nossa ansiedade não acelera processos, esse tempo de espera é um convite a
aprender e por mais incômodo que possa parecer, esse tempo é um presente. É um
tempo onde aprendemos a desfrutar do caminho que estamos percorrendo sem saber
se chegaremos ao objetivo traçado inicialmente ou se o objetivo mudará no meio
do caminho. Esse tempo de espera nos incentiva a continuar entregando-nos a
imprevisibilidade da vida e estar abertas a novas possibilidades
constantemente. Ao começar a desfrutar do caminho é possível ver outras coisas
ao nosso redor, e principalmente ir mais profundo, dentro de nós mesmas e isso
é um presente por si só.
Camila Ramos
OBS: Mães em potencia é uma série de textos.
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