"Nos Círculos as mulheres
podem dizer em voz alta
o que passa em seus
corações e mentes
ao mesmo tempo que têm a
capacidade de ouvir com compaixão.
Círculos evocam um
sentimento de irmandade
e também um sentimento de
estar em um espaço materno arquetípico.”
Jean Shinoda Bolen
Cada dia mais e mais Círculos de Mulheres surgem,
com intenções variadas e características singulares, mas com propósitos em
comum, que pode ser o de resgatar, despertar, celebrar, reavivar, o Feminino e
o Sagrado em nós, nas relações, no mundo.
No passado, nas tribos, povoados ou pequenas
comunidades as mulheres estavam sempre reunidas. E isso acontecia em diferentes
culturas ou regiões em que estavam inseridas. Em algumas “tribos”, por exemplo,
as mulheres se recolhiam durante
o período menstrual com a intenção de estar em contato mais profundo consigo
mesmas, com seus aspectos femininos e para desfrutarem ao máximo esse momento
tão introspectivo e curativo.
Nesse
período em que recebiam suas luas (o ciclo menstrual) todas as mulheres daquela
região se reuniam, já que estavam em sintonia com a natureza e seus ciclos eram
sincronizados. Elas cuidavam umas das outras, faziam rituais de purificação,
tomavam chás e ervas, partilhavam experiências, entoavam cantos e orações, e
eram amparadas pelas mulheres mais velhas - sábias ou anciãs - que já haviam
chegado a sua fase mais plena como mulher, a menopausa. E assim, após essa
conexão e descanso, retornavam das tendas vermelhas, como eram chamadas na
cultura greco-romana, renovadas e fortalecidas, preenchidas de novas ideias e resoluções, para
serem transmitidas ao restante da comunidade.
Em outros grupos, as mulheres não se reuniam
quando menstruavam, mas estavam juntas na hora de dar a luz a uma das crianças
da comunidade, ou na hora de construir suas casas, ou na época da colheita, do
plantio, ou sob à influencia de determinada lua ou datas sagradas de seu
calendário, de acordo com a cultura ou região em que estavam inseridas. O que
existe em comum inclusive em diferentes épocas, é a existência de eventos, ritos e celebrações, ciclicamente
relacionados à natureza e às estações do ano, no qual as mulheres estiveram
sempre reunidas.
São mais de 5000 anos de patriarcado, onde a
dominação e a competição são os atributos mais valorizados, juntamente com os
aspectos masculinos. E desde então o mundo foi, aos poucos, se afastando dos
aspectos femininos como a cooperação e o respeito às diferenças. Também nos
afastamos da Natureza ao tentar dominá-la, e usá-la. E nós mulheres, fomos nos
separando umas das outras, e da nossa própria natureza interior.
A quantidade crescente de Círculos de
Mulheres, e tantos outros movimentos femininos em todo o mundo, vem nos mostrar
a necessidade desse reencontro com nós mesmas, com a nossa natureza essencial,
através da conexão com outras mulheres. Independente dos temas, da abordagem ou
das práticas realizadas, estamos todas juntas acordando em cada célula do nosso
corpo, essas histórias, essas memórias que noss@s antepassad@s viveram antes do
patriarcado.
Além disso, quando estamos em um grupo de
mulheres, em um espaço onde podemos partilhar experiências, segredos, angústias
e alegrias, inundadas em uma atmosfera de acolhimento, permitimos ampliar o
nosso olhar e nos ver umas nas outras. Percebemos que não somos as únicas a
passar por determinadas situações, ampliamos nosso sentimento de pertencimento
e assim aumentamos a liberação de ocitocina, conhecida como o hormônio do amor.
Este hormônio além de ser liberado durante o trabalho de parto e auxiliar na
amamentação e na criação de vínculo entre mãe e bebê, também está intimamente
ligado à sensação de prazer, de bem-estar físico e emocional, e de segurança.
Sendo assim, ao nos unirmos em Círculo, ao
olharmos com igualdade umas para às outras, com respeito e solidariedade à
história de cada uma de nós, estamos despertando esse verdadeiro sentido de
irmandade, de sororidade, essa profunda empatia e comunhão com a natureza que
naturalmente somos e que nossos ciclos e ritmos insistem em nos relembrar.
Estamos juntas tecendo uma teia de esperanças
e sonhos, e da união de nossos ventres e corações formamos um caldeirão
alquímico de onde brota a cura e o despertar.
Por isso para nós, os Círculos são um espaço
ou momento para valorizar os aspectos da nossa essência feminina, eles adubam a
semente interna, que é a nossa essência, para que ela se expanda e que cada uma
de nós floresça e “seja tal como é”.
Camila e Danielle
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