O mais comum, até
então, era valorizar o fazer, a produção, o conhecimento. E desde crianças
fomos estimulados a ter varias atividades, a descobrir qual será nossa
profissão. E vamos lentamente nos afastando do ócio, dos momentos de “não fazer
nada” onde surge a criatividade e de onde surge o espaço para a conexão com o
ser.
Quando adultos não é
diferente. O mais importante é escolher a profissão, especializar-nos com a
certeza de que a realização virá naturalmente. O que começamos a perceber,
inclusive como sociedade é que isso não é real e a quantidade de insatisfação e
depressão em crianças e jovens, ou mesmo em adultos bem-sucedidos
profissionalmente é crescente.
A questão é que ao
valorizar o fazer e a produtividade, onde “valho quanto produzo”, nos
distanciamos brutalmente da conexão com o SER, com simplesmente ser. E
inclusive para retornar a esse contato com o ser existem técnicas, cursos,
retiros, métodos... Estamos tão desconectados que necessitamos produzir mais,
para pagar mais pelo retorno à nossa conexão! Muitas atividades e técnicas são
válidas, interessantes e colaboram nesse processo, mas a questão é perceber a
engrenagem, e de maneira buscamos essa conexão com nosso Ser Essencial.
E se simplesmente nos
dedicamos alguns minutos ao dia para a auto-observação? Para a auto compreensão?
Para estar presentes? Para “fazer nada”? E se simplesmente isso nos ajudasse a
conectar novamente com a essência? E se percebêssemos que o Ser esta aqui,
conosco, todo tempo, expressando-se em todas as ações?! Mesmo quando este Ser
se sente sufocado ele ainda assim se expressa, à sua maneira. E se não
precisássemos ir a lugar nenhum e fazer coisa nenhuma para simplesmente ser?
Esse retorno ao
simples, ao ingênuo, ao espontâneo (natural) que as crianças tem naturalmente
até os 2 ou 3 anos pode ser valioso para nosso “retorno”. As crianças se
admiram com as coisas simples porque estão tão presentes que a rotina continua
sendo uma novidade. Então uma das chaves pode ser estar mais presente?! Aqui e
agora em cada respiração, consciente dos alimentos que escolhemos e dos sabores,
dos ruídos ao nosso redor, das emoções e sentimentos que nos chegam. Para isso
não é necessário ir a lugar nenhum, não é necessário fazer nada novo, a mudança
é interna.
É compreensível querermos
buscar a mudança externamente, com a sensação de que podemos compra-la porque é
mais fácil.* A mudança interna requer esforço,
dedicação, e acima de tudo paciência, assim como temos paciência com uma
criança, a paciência nos processos interiores é essencial para este caminho de
volta.
É um caminho de olhar
interior, de autopercepção e presença. Para SER o caminho é interno, solitário
e é recompensador desde o primeiro passo.
Camila Ramos
*Comece dando os
primeiros passos sozinho, e se necessário peça ajuda profissional!
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